Depois de ganhar confiança em um salto mais seguro, era hora de sair da Itália rumo à Suíça para buscar saltos mais baixos e técnicos, mais parecidos com os saltos que encontraria ao retornar ao Brasil. Meu próximo destino é um dos três picos de BASE Jump mais visitados da Europa.
O BASE jumper brasileiro, Fernando Brito saltando de Tracking Suit sobre o vale de Lauterbrunnen. Foto: Armin Deutsch
Lauterbrunnen é uma pequena cidade encravada no fundo de um vale estreito que se pode conhecer em apenas uma hora de caminhada. No entanto, esta é apenas uma das muitas cidadezinhas que fazem parte da região de Jungfrau Jörch, uma cadeia de vales e montanhas que engloba alguns dos picos mais famosos da Europa como o Eiger, o Mönch e a Jungfrau.
Uma lenda conta que nestas montanhas havia um ogro (Eiger) que era apaixonado pela jovem dama (Jungfrau) mais bela da região. Então, para impedir que este ogro pudesse alcançá-la, um monge (Mönch) foi apontado para protegê-la. Para cumprir sua missão, o monge montou seu posto ao lado da jovem dama, posicionando-se estrategicamente entre ela e o ogro. Formando assim, os três grandes picos desta cadeia de montanhas.
Mapa da região de Jungfrau Jörg. Foto: Ronaldo Nogueira
Por estar localizada no centro desta região, Lauterbrunnen atrai muitos praticantes dos mais variados esportes de montanha (ex.: Mountain Bike, Escalada, Paraglide, Snowboard e SpeedFlying) e por ser um destino tão procurado, a cidade oferece uma ampla infraestrutura de turismo. Além disso, sua estação de trem serve de ponto de conexão para todas as outras cidades da região.
O BASE Jump é um dos principais esportes praticados em Lauterbrunnen e por isso, conta com uma série de serviços especiais como hostels especializados com áreas de dobragem 24h e exclusivas. No vale é possível praticar também o skydive (paraquedismo a partir de aeronaves) com uma das vistas mas bonitas do planeta, porém, o preço da vaga no helicóptero pode chegar a $250,00 francos suíços.
A estação de trem de Lauterbrunnen a esquerda, com a cidade e o vale ao fundo. Foto: Ronaldo Nogueira
Como Chegar
A melhor maneira de chegar a Lauterbrunnen é de trem. Como o vale é muito pequeno e há bondes e lifts para todos os outros locais da região, não há necessidade de manter um carro alugado. Se você estiver vindo do Monte Brento na Itália, uma das melhores opções é devolver o carro alugado em Milão e seguir de trem da estação de Milano Centrale.
Esperando o trem para Interlaken na estação de Spiez, uma das muitas conexões entre Milão e Lauterbrunnen. Foto: Gustavo Britto
Os Saltos
Um “detalhe¨ que faltou mencionar foi que o vale da cidade de Lauterbrunnen é formado por paredes de granito verticais que variam de 350 a 650 metros de altura. Isto, juntamente com um serviço de bondes e trens que torna o acesso às montanhas muito fácil (aprox. 15 minutos de caminhada), rendem a esta cidade o apelido de BASE Paradise.
Porém, antes de começar a saltar é importante cumprir alguns rituais e aprender algumas regras de convivência com a comunidade local. Como todos os saltos são feitos diretamente acima das propriedades de famílias de Lauterbrunnen, que têm como principal fonte de renda a pecuária, é muito importante ficar atento para se manter nas áreas demarcadas para pouso.
No entanto, muitas vezes os BASE jumpers, principalmente os Wing Suiters que voam para longe das paredes, não conseguem chegar nas áreas de pouso demarcadas e acabam pousando nos pastos. A sucessão destes pousos indevidos ao longo de uma temporada é capaz de destruir um pasto, o que gerava muitos conflitos entre a comunidade local e os BASE jumpers.
Com toda razão, os fazendeiros reclamavam que o cultivo de pastos (essencial para a pecuária) é muito difícil, pois, as paredes do vale são muito altas. Por isso, os pastos recebem pouca luz do sol, o que torna seu crescimento lento.
Para solucionar este problema, a associação suíça de BASE Jump criou o landing card. Um pequeno adesivo, que pode ser adquirido no próprio hostel, que serve como forma de arrecadar fundos para compensar as famílias pelos possíveis estragos causados por BASE jumpers ao longo da temporada, além de servir como símbolo de conscientização entre os praticantes do esporte.
Outra etapa importante a ser cumprida antes de se começar a saltar é a aquisição do R.E.G.A. – o seguro de resgate aéreo do próprio vale. O preço do R.E.G.A varia de $30 – $70 francos suíços, dependendo do número de dias e pode ser adquirido na agência dos correios, que fica em frete à estação de trem. Isso irá poupar você de pagar uma multa cara no caso de um acidente e vai lhe tornar apto a participar de alguns saltos especiais.
Vale lembrar que na agência dos correios você pode aproveitar para utilizar uma série de outros serviços (comprar cartões telefônicos internacionais). Outra dica legal, é comprar um passe ilimitado para os trens e bondinhos da região. Assim, você não perderá tempo comprando o ticket de cada região a cada exit point diferente que você queira conhecer.
As paredes de granito do vale, do ponto de vista do meu capacete em pleno voo. Foto: Gustavo Britto
No vale existem tantos saltos e variações de saltos que seria impossível escrever sobre todos eles aqui. Eles variam em altura, qualidade e proximidade da área de pouso, facilidade de acesso e dificuldade da saída. No entanto, quando comparados com o resto do mundo, são todos de altíssima qualidade.
Para o WingBASE, a maioria dos saltos apresenta as mesmas dificuldades, mas, um bom salto inicial para se ambientar no vale é o La Moose. Este salto tem uma saída fácil, sem nenhum obstáculo na parede e uma ótima área de pouso imediatamente abaixo do exit point.
A medida em que você estiver mais confortável com a sua saída e com o seu voo, não deixe de experimentar os saltos clássicos do vale como The Nose, HighNose e Dumpster. Apesar de serem saltos mais técnicos, com menos margem para erro, todos estes são saltos altos e proporcionam ótimos voos.
Bom, chega de papo e vamos de vídeo. Para este post eu preparei uma edição com as melhores imagens de cada salto. Espero que vocês gostem. Se você tem alguma dúvida ou comentário, fique à vontade para deixar sua mensagem abaixo ou me enviar um email!
Informações extras
Se você quer entender um pouco mais sobre BASE Jump e Wing Suit, leia também:
http://www.adventurezone.com.br/blog/2010/11/wingbase-europa-2010-italia/
http://www.adventurezone.com.br/blog/2010/10/entenda-o-wing-suit/
http://www.adventurezone.com.br/blog/2009/10/entenda-o-base-jump/
– Site da companhia de trens da Itália:
http://www.trenitalia.com/homepage_en.html
– Site da companhia de trens da Suíça:
– Site do hostel que oferece área de dobragem para BASE jumpers:
– Outras informações sobre a região:
http://en.wikipedia.org/wiki/Eiger
– Associação Suíça de BASE Jump:
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por Gustavo Britto
Legal Gustavo!! Informações precisas sobre o vale!! Abraço
boooooooooooooooooooa gustavo!!!!!!!!!!
kamon!!!
Valeu Dex 😀
Obrigado coks…
Tô ni aguardo do seu retorno!!!
abraço,
Mt bom, BJTurismo, um dia ainda visito a europa com o único objetivo de ir saltar se der pra conhecer nos tempos livres eu vou. abraços
Grande Brito! não sei se vc lembra de mim, dobrava na Skydive Rio, + ta de parabens pela sua iniciativa de passar todas essas informações.
Tive pela Europa mês passado, volto ano que vem, Italia, França, Alemanha, Inglaterra.
Tenho vontade de fazer B.A.S.E.
Se puder me manda um e-mail pra gente trocar uma Ideia!
abração irmao e boa sorte!
Valeu Pyther!!!
Depois deixe uma msg com o seu email para ficarmos em contato 😀
abs
Pois é Eduardo, foi o que aconteceu comigo. Ainda não conheço nem dos destinos clássicos. Mas saltei bastante 😀
Abraços…
grande Brito mandou bem estou começando agora no esporte e puder me dar dicas eu agradeço dicas e experiencia nunca é d+ valew irmao fica com Deus!
Bem vindo ao esporte Bruno,
A primeira dica que posso dar é: Sempre se prepare para o que você está fazendo. O BASE jump é um esporte que as vezes te deixa pouca margem de erro, mas buscar situações que se aproximem do seu objetivo é uma excelente forma de treino. Assim, você diminui o número de coisas que podem lhe adrenar no exit point. Lembro que no meu primeiro salto de wingBase, assim que tirei o pé da pedra, lembrei instintivamente da sensação do salto do trike. Daí relaxei e foi só alegria… 😮
Caso vc tenha outras dúvidas, fique a vontade para me mandar um email ([email protected]). Um grande abraço,
Gustavo Britto