Este é um breve relato da minha primeira viagem para a Europa para aprender o Wing Suit BASE Jump. Nesta primeira parte estão algumas informações sobre o Monte Brento e sobre a cidade de Arco, um dos melhores lugares do mundo para aprender o esporte com segurança.
Área de pouso principal e o Monte Brento ao fundo. Foto: Ronaldo Nogueira
A Cidade
Arco é uma comunidade agrícola pacata e discreta localizada na província de Trento, nordeste da Itália. Porém, não se engane! Arco abriga um dos maiores saltos de WingBASE da Europa. No entanto, o que torna a cidade famosa é o campeonato mundial de escala esportiva e suas trilhas de mountain bike.
A cidade oferece muitos atrativos. É possível visitar castelos, comer em ótimos restaurantes, fazer compras nas dezenas de lojas de equipamentos para esportes outdoor, escalar e saltar muito.
Como toda cidade turística, Arco conta com uma variedade de agências e guias que oferecem pacotes que vão desde visitas a vinícolas do circuito regional a trilhas de mountain bike e escaladas em via ferrata (em Arco é possível alugar todo tipo equipamento, caso necessário). Além disso, a cidade fica a apenas 2 horas de Veneza e a 1 hora de Verona e Riva del Garda, que são boas alternativas para os dias de descanso.
A região tem boas opções de hospedagem, desde áreas de camping a hotéis 4 estrelas. O preço médio para um hotel 3 estrelas com café da manhã é $25,00 euros (por pessoa). No entanto, nem todos os hotéis têm acesso à internet e os cafés que oferecem esse serviço fecham às 19 horas (aproximadamente no horário do último salto do dia). Além disso, na Itália há uma política pública de remoção de orelhões, assim, a comunicação com o Brasil pode ficar complicada.
Dizem que é muito fácil encontrar os melhores equipamentos nas ruas de Arco, mas assim, é brincadeira (rsrs). Foto: Ronaldo Nogueira
As paredes do Arco Rock Masters, o campeonato mundial de escalada esportiva ( o arco das vias guidas e a parede de speed climbing). Foto: Gustavo Britto
O Salto
Apesar do exit point estar localizado a 1500m de altura, somente 600 metros da montanha são verticais. Os outros 900m seguem em um desnível de 60° a 45°. Isso significa que em um salto com trajes normais, um BASE jumper poderia fazer uma queda livre de 12 a 14 segundos até abrir o seu paraquedas. Porém, com o Wing Suit é possível transformar este salto em um vôo que pode durar de 35 a 50 segundos, dependendo da habilidade do piloto.
Dessa forma, seria normal imaginar que um salto como este fosse mais fácil do que um BASE Jump baixo, por exemplo, um salto de 60m. No entanto, esse tipo de salto apresenta outras dificuldades; nele o jumper tem que lidar com as variações do vento entre o ponto de saída na montanha (exit point) e o pouso. Além disso, tem que lidar também com as restrições dos movimentos causadas pelo Wing Suit, principalmente no momento da abertura do paraquedas, onde se está muito perto do chão (em geral abaixo dos 80m).
No Monte Brento, os principais desafios são o acesso e o local de pouso. Para chegar ao exit point é necessário subir de carro por uma estrada íngreme e sinuosa durante 40 minutos e em seguida fazer uma trilha leve/moderada de aproximadamente 1h. Pelo menos metade desta trilha segue por uma estrada larga e tem pontos de água. Mas a outra metade segue uma trilha pequena, sempre muito úmida e escorregadia, de uso apenas dos escaladores e BASE jumpers.
Depois do salto é necessário recuperar o carro na base da trilha, no alto da montanha. Por isso, sempre antes de saltar é importante passar no ponto de encontro dos BASE jumpers: o bar Parete Zebrata que fica em frente ao pouso principal. Lá é possível combinar um esquema de revezamento de carros com os outros jumpers, dobrar o velame e fazer pequenas refeições.
Outra alternativa para a logística do carro é pegar um táxi no centro de Arco. Apesar dos motoristas falarem apenas italiano, não se preocupe, basta entrar no carro e dizer “BASE Jump” que os motoristas o levarão para o início da trilha.
Os melhores horários para saltar no Brento são no início da manhã e no final do dia. Isso acontece, pois, quando as montanhas do vale aquecem com o sol, geram muita turbulência e vento. O que pode complicar o vôo e a navegação com o velame.
Exit point do Brento visto pela câmera do meu capacete (foto tirada em pelo vôo). Foto: Gustavo Britto
No Brento o pouso geralmente é feito em duas áreas. A área principal é um gramado que fica a 1,5km do exit point, na parte mais baixa do vale e é marcado por uma biruta. Já a área alternativa, fica em uma zona de pedra e cascalho com muita turbulência, 1 km à esquerda do exit point.
Como os pousos são distantes e técnicos é sempre importante estar atento à sua razão de vôo (distância percorrida/altura perdida). Caso você não consiga voar até os locais de pouso, é necessário abrir o paraquedas mais alto para garantir uma navegação segura. Caso contrário, será necessário encontrar uma outra alternativa entre as árvores altas e pedras que separam a montanha dos pousos.
Bom, chega de papo e vamos de vídeo. Para este post eu preparei uma edição com as melhores imagens de cada salto e um Slide Show com algumas fotos do dia a dia na região. Espero que vocês gostem. Se você tem alguma dúvida ou comentário, fique à vontade para deixar sua mensagem abaixo!
Informações extras
Se você quer entender um pouco mais sobre BASE Jump e Wing Suit, leia também:
http://www.adventurezone.com.br/blog/2010/10/entenda-o-wing-suit/
http://www.adventurezone.com.br/blog/2009/10/entenda-o-base-jump/
Meteorologia da microrregião de Arco:
http://www.meteotrentino.it/bollettini/today/generale_it.aspx
Meteorologia da Europa (bom para decidir o melhor momento de sair de um pico de BASE para outro).
Bar Parete Zebrata (ponto de encontro, antes do salto).
http://www.barparetezebrata.it/
Hotel Ciclamino (um pouco mais afastado e sem internet, mas com descontos para BASE jumpers e área de dobragem).
http://www.hotel-ciclamino.com/
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por Gustavo Britto