Proteja seu trem de pouso!
Durante muitos anos os meus “equipamentos de aventura” eram sinônimo de “coisa velha”, pois como sou nascido e criado sob o fantasma da inflação, aprendi desde pequeno que para “entrar no mato” deveria usar os tênis, meias, roupas e mochilas que não serviam mais para serem usados na escola/faculdade, etc. Mas os anos foram passando, as “aventuras” foram aumentando e consequentemente os “perrengues” acontecendo. Hoje, depois de 7 anos de escalada e paraquedismo e 2 anos de BASE jump, sei bem o valor de usar a ferramenta certa para o trabalho certo.
O ano de 2010 foi muito importante para o BASE jump nacional, tivemos grande expressão na cena internacional, trouxemos o Wingsuit BASE para terras tupiniquins e tivemos um grande número de novos adeptos ao esporte. Felizmente, esta evolução foi feita com muita segurança e apesar do grande volume de saltos, tivemos apenas 3 lesões graves dentre todos os praticantes brasileiros (dentro e fora do Brasil). Porém, me chama a atenção que estes 3 incidentes tenham ocorrido durante o pouso. Este ano (2011), nós continuamos explorando os limites do esporte e até agora, tivemos apenas 1 lesão grave, também durante o pouso. Por isso, resolvi compartilhar algumas dicas que me foram úteis nestes 2 anos no esporte.
Bom, a primeira máxima para fazer um salto com segurança é se dar uma boa margem de erro. Procure saltar em condições onde você tenha a oportunidade de corrigir qualquer evento fora do esperado (ex.: um off heading ou uma rajada de vento no pouso). Em segundo lugar, escolha e use os equipamentos de proteção adequados, afinal de contas, o BASE jump é um esporte geralmente praticado em áreas remotas e restritas. Por exemplo, uma montanha próxima de uma cidade do interior, com poucas alternativas de pouso, ou um prédio que tenha muitos obstáculos entre o ponto de saída e o pouso.
Começando de baixo para cima, eu recomendo o uso de um bom par de botas de cano alto. Procure modelos que tenham algum tipo de amortecimento, deixem o seu pé firme e tenham um solado que não escorregue (possivelmente vibram). Isso o ajudará a ter mais confiança nos exit points, pois você ficará mais equilibrado e terá uma preocupação a menos na hora do salto. Geralmente os fabricantes de sapatilhas de escalada tem alguns modelos bem interessantes. Por exemplo, a LaSportiva (italiana) e Five Ten (americana). No mercado nacional temos a Snake e a Nômade, mas nunca tive a oportunidade de testar nenhuma destas botas.
Outra dica legal par proteger seus pés é utilizar um par de palmilhas de silicone dentro da sua bota. Isso irá melhorar a absorção de impacto da bota. Essa dica eu aprendi com Ruy Fernandes, um dos melhores e mais experientes BASE jumpers do Brasil. Minha principal motivação para começar a usar as palmilhas foi a preocupação com os pousos pedregosos ao redor do Monte Brento (IT) em minha primeira viajem de WingBASE para a Europa. Porém, percebi que elas são bem úteis para os pousos fortes que costumam acontecer durante o verão carioca (quando a densidade do ar fica mais baixa).
Naquela mesma viagem à Europa em 2010, recebi do pessoal da Proativa Equipamentos alguns pares de meias Lorpen para testar no ambiente do BASE jump. Confesso que no início fiquei bem cético com a ideia de ter um par de meias especiais para caminhadas pesadas, afinal de contas, na minha cabeça, meias boas para BASE eram aquelas manchadas e furadas que não serviam para mais nada. Mas logo no primeiro dia de salto pude perceber a diferença. Fiquei impressionado com a forma que meu pé ficou bem mais firme dentro da bota, parecia que a bota tinha mais “grip”, o que me deu mais confiança na hora de dar o “push” final sobre o quartizito molhado (pelo orvalho da madrugada) no exit point do Brento.
Outra característica legal das meias Heavy Trekker Lorpen é que o mesmo par que deixa o seu pé aquecido no frio da Suíça é o mesmo que deixa o seu pé seco no calor da Itália, o que é bem importante, dado que às vezes ficamos muitas horas com o pé fechado dentro da bota suando sem “respirar”.
Para completar o meu “voodoo kit”, gosto de usar um bom par de joelheiras/caneleiras e uma calça de tecido grosso (ex.: jeans). Isso ajuda a diminuir os danos naqueles pousos em que você acaba “catando cavaco” bem em cima daquela estrada de pedras indesejada. Lembre-se: quando for saltar em áreas “remotas”, leve sempre com você uma lanterna e um kit de primeiro socorros.
Bom, espero ter ajudado a diminuir as dúvidas da galera que está entrando (ou pensando em entrar) no esporte. Qualquer dúvida, basta enviar sua pergunta na seção de comentários abaixo.
Informações extras
Quer curtir outras matérias sobre BASE jump?
http://www.adventurezone.com.br/blog/artigos/outros-esportes/wingbase
Quer conferir vídeos de fotos de BASE Trips?
http://www.adventurezone.com.br/blog/base-climb-eua-2009-twin-falls-moab
http://www.adventurezone.com.br/blog/2010/11/wingbase-europa-2010-italia/
por Gustavo Britto
Ae Contadores de Andares!
Primeiramente parabéns pela iniciativa de divulgar nosso esporte com tanta clareza e objetividade, segundo pelas palavras a meu respeito, mera poesia.
No intúito de esclarecer e colaborar, lembro que as botas com sistemas de respiração(Goretex, por ex.http://www.fernandozara.com.br/2010/03/30/gore-tex%C2%AE/), e a lingua alta para pisar em terrenos mais alagados sem que a água penetre por cima, são bem importantes em caminhadas longas com exposições moiadas.
Caminhadas na neve podem ser um martírio enorme caso esteja com o par errado(em todos os sentidos!), e podem comprometer sua saúde, vida ou o pior, seu jump. Uma hipotermia pode começar assim.
Caso sinta que seus pés estão úmidos e o clima é frio para caralho, pare de vêz em quando para massagear e secar os dedos. A boa circulação sanguinea é inimiga do frostbite(http://www.emedicinehealth.com/frostbite/article_em.htm).
Procurem botas com os passadores fechados, para não correr o risco de enroscar em linhas atrevidas que insistem em passar por debaixo de suas pernas durante a abertura.
Antes de desconsiderar estes comentários por ter visto “alguém” saltando com calçados “inadequados”, lembrem-se de que o copo da sorte se esvazia à medida que o da experiência se enche.
Guarde os atrevimentos para objetos “bem conhecidos”, “fáceis” e totalmente “sob contrôle”(que seria de nós sem as aspas…).
Quanto mais conhecimento você adquire, mais forte será a sensação de conforto que deverá apaziguar as Vózes quando na berada.
OhO!
Valeu Ruyzito,
Tanto pelos elogios, quanto complemento! Aproveito a sua deixa para deixar uma outra dica que (do “Kabrito 3Rigs”):
Para evitar o problema de linhas enroscarem nos passadores da bota, vale cortar o cano de um meia fina (tipo meia de sapato social) e usar por cima da bota!!! Depois faço outro post com algumas fotos dessa dica 😀
Oi Gustavo!!
Mesmo não entendendo nada do assunto (tô precisando frequentar mais o “Clubinho” hehehe…), gosto muito de ler o que escreve. E com isso vou aprendendo um pouquinho sobre estes esportes. Parabéns pelos textos, sempre tão elucidativos. 😉
bjão
Muito obrigado Jana! Vindo de você que trabalha com educação, é um elogio especial 😀
BOA NOITE.
PODERIA ME INFORMAR ONDE POSSO COLOCAR PRA VENDER EM CONSIGNAÇÃO EQUIPAMENTOS USADOS EM OTIMO ESTADO DE BASE JUMP?
OBRIGADO