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Entrevista com Arthur Estevez

Arthur no Cume do Pequeno Alpamayo

 

Fizemos uma conversa descontraída com Arthur Estevez, que recentemente ganhou o reconhecimento internacional da Deuter, seu patrocinador. Disso saiu esta entrevista e aqui, ele conta um pouco sobre sua escalada e vida:

1) Arthur, como você começou a escalar? Quem te apresentou a atividade?
Arthur
– Comecei escalar com um primo. Ele era bem mais velho do que eu na época, mas não devia passar dos 20 anos. Eu achava que ele era a pessoa mais doida do mundo, ele mergulhava, escalava, era campeão serrano de moto e fazia todas as loucuras possíveis. Era “o cara” e influenciou muito minha infância.
Lembro de ficar encantado com as fotos que ele tirava escalando e podia ficar horas escutando ele contar as histórias. A que eu mais gostava era sobre a volta que eles deram andando na Ilha Grande.
Hoje em dia ele tem uma filha, família e leva o negocio dos pais E não escala mais. Uma pena. 
Eu perturbei tanto o cara que ele me levou pra escalar e me jogou logo no Urubu Capenga. Eu era uma bolinha com 12 anos e de certo que fui “rebocado” por ele. Tenho foto disso :). Depois, já com meus 12/13 anos fiz um curso básico com o Daflon e era um freqüentador diário da Pedra do Urubu.
E nostalgia dos meus poucos anos…..

Primeiro 6.000 – Huayna Potosi

 

2) Qual a modalidade do montanhismo e o pico que você mais gosta?
Arthur – Acho que essa vai ser a pergunta mais difícil de responder, ou mais fácil, não sei.
Como meu amigo Barão fala “Eu gosto é de pedra e não importa como”. Acho que eu prefiro aquelas que me desafiam, que de certo eu vá passar um veneno. Mas nenhum desses venenos vale a pena se não for com os amigos e pra dar boas risadas. Mas confesso que algumas vezes já me peguei “emocionado” quando estava voltando de viagem e via pela primeira vez, após 3 meses, o Pão de Açúcar. É a minha casa!!!

Debaral A3

 

3) E qual foi a maior “roubada” que você passou até hoje?
Arthur
– Você vai achar que eu vou falar de alguma escalada na Patagônia, um Bigwall ou talvez alguma alta montanha… mas não foi não!!!!
Eu devia ter uns 14-15 anos e um amigo, também de pouca idade, me chamou pra conquistar uma via em Juiz de Fora. Eram dois moleques fazendo coisa de gente grande e de certo isso ia dar M… Pegamos uma chuva danada com direito a tempestade de raio, fiz rapel em parafuso de 1/4, depois a corda agarrou e eu jumariei no contra peso com a corda em volta de um platô de mato, fiz rapel do gravatá e por aí vai…
Enquanto eu jumariava meu amigo que tava ensolteirado num grampo de 1/2 e enrolado numa manta térmica, só falava que a gente ia morrer se a corda soltasse, e eu só ria de tanta adrenalina. E quanto mais eu ria mais o olho dele enchia de lágrima e ele repetia incansavelmente “a genet vai morrer”… E eu ria ainda mais… Boa roubada.
Um grande amigo e parceiro de escalada por um bom tempo….. Pena que ele anda bem devagar com a escalada e sumido.

Bolder Insular. – Ilha Comprida

 

4) Tem algum projeto futuro já no gatilho?
Arthur
– Conquistar o mundo 🙂 heheheheh…
Na verdade, com o apoio da Proativa, tô podendo sonhar mais alto com meus vôos. Agora em Julho estamos indo pro Peru e em Dezembro vamos tentar o Aconcágua pela Rota dos Polacos. Sem esse apoio eu mal teria grana pra pagar o permisso.

Esportivas em Chalten

 

5) Como você se prepara para suas escaladas? Segue algum treinamento?
Arthur
– Bem, o segredo tá na alimentação sabe. Heheheheheheh. Arroz e Feijão!!!!!! Sou Carioca e Carioca não vive sem essa dupla. Mas o segredo mesmo tá no CHOCOLATE…… Se der mole eu como uma barra por dia. E também faço terapia ocupacional. 🙂
Não dá pra passar uma semana sem tomar uma cerveja e jogar conversa fora com os amigos. Tenho que confessar, cara, eu sou um completo displicente sobre o treinamento. O máximo que faço é dar uma corrida e quando eu vou pra Limite (centro de escalada do Rio) eu mais tomo cerveja que malho.
Acho que, como eu vivo me mexendo e inventando alguma coisa pra fazer eu acabo mantendo o gás em dia.
Eu não sou um escalador esportivo sabe??? Sou escalador de montanha, mais sei a importância que a escalada esportiva tem pra os momentos de perrengue “lá em cima”. O que eu tento fazer é equilibrar essas duas brincadeiras e manter minha escalada. 
Falando em projeto, meu novo projeto é ficar em pé em cima da prancha de surf. Mais uma invenção, vamos ver se vou mandar o lance 😛 hehhehehe…

Role Solitário pelas Estradas esquecidas de Minas Gerais

 

6) Qual a sua principal motivação quando se compromete em algum projeto de escalada?
Arthur
– O que te motiva? A Viá, uma amiga, usa muito essa frase.
Não sei bem, um sentimento muito doido, uma vontade de fazer aquilo e pronto. Essa pergunta parece muito com a pergunta que fizeram ao Edmund Hillary quando ele chegou ou cume do Everest. E por que escalar o Everest? Sua resposta: Por que ele esta lá e eu estou aqui.
Mas eu acho que na verdade o que me motiva é depois da escalada poder trocar idéia com os amigos de como foi aquele veneno… Chegar no Abrigo do Serginho e contar como foi a escalda e também poder ouvir como foi a escalada dos seus amigos.

Filmagem do filme Caminho Teixeira

 

7) Arthur, você também participou de um curta (Caminho Teixeira) que conta a história da conquista do Dedo de Deus. Como foi esta experiência, como escalador e ator?
Arthur HAHAHA… Ator… essa é boa…  Só se for “atorMENTADO”…
Mas essa experiência foi bem legal sim…. não só pelo produto final que foi o filme, mas também pelas pessoas que estavam lá, só pessoas do coração mesmo…
Foram uns 3 dias de empenho no Dedo de Deus para reconstruir um dos momentos mais importantes do Montanhismo Nacional. Com direito a escalada com as cordas de sisal, subida nos troncos de arvore, tudo como devia ter sido em 1912.
Agora ator??? Você deve tá brincando… tem umas passagens ridículas, tipo, fingindo que tava batendo o grampo, tirando o chapéu e guardando na camisa. O momento ápice foi escalando a chaminé de meio corpo cheio das técnicas de entablamento e ainda mordendo a língua, na época eles nem tinham noção do que era isso.
Mas de certo foi uma experiência bem legal, uma experiência bem parecida com a do filme “3…2…1… Fui”, um filme de BASE Jump que fiz com o Sabiá, Bagre, Marcelinha e “participações”, alguns anos antes. 

8) O patrocínio que a Deuter Brasil lhe oferece e agora, com o reconhecimento também da Deuter Internacional ao seu trabalho, lhe ajudam no seu desenvolvimento como escalador?
Arthur – Certamente. Eu já falei isso aqui, se não fosse pelo apoio da Deuter e da Proativa eu não poderia estar indo pro Aconcágua. É muita grana pra escalar aquela montanha e eles estão viabilizando isso. Entre outras roubadas que eles vêm me apoiando, eu só tenho que agradecer ao Kiko e ao Pedro por estarem investindo em mim.

Travessia Rio x Paraty de Caiaque

 

Vocês podem conferir o perfil de Arhur Estevez no site da Deuter internacional e acompanhá-lo em suas aventuras na sua coluna no Adventure Zone.

Abraços da Yuri!

Arquivado em: Deuter

3 Comentários em "Entrevista com Arthur Estevez"

  1. Rafael Villaça disse:

    Kamon, moleque!
    Maneiro!

  2. Danuza C. Bastos disse:

    Parabéns, Arthur! Faltou dizer que quando criança você era medroso, tinha medo até de escorrega.

  3. Esse é um grande irmão, escalador e pertubado mesmo, não para de inventar moda! Lembro que, quando estávamos num big wall no pico dos quatro, choveu muito no 4 dia de escalada e estávamos perto para chegar ao cume, ele queria subir assim mesmo, com aquela água todo que estava caindo….hehehe

    Merece muito e mais…..parabéns pela pessoa que vc é e continue sonhando suas conquistas meu brother…

    Grande Abraço e Kmon no Aconcágua!!

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