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Dificuldades no Caminho Francês – Parte I

Alguns trechos do Caminho Francês de Santiago apresentam um grau maior de dificuldade. Ou por ter subidas, ou descidas íngremes, ou por não ter sinalização eficiente, ou ainda por ser um longo trecho sem possibilidade de encontrar água.


Já escutei peregrinos relatarem suas dificuldades, embora participassem de reuniões e discussões sobre o Caminho.

Há uma tendência de alguns antigos peregrinos a romantizar o Caminho, muitas vezes chamado de mágico, uma postura irreal e infantil que pode levar a riscos para um peregrino novato e inexperiente.

Eu mesma já tive muitas dificuldades em um trecho do Caminho (Puente la Reina – Mañeru) que já sabia difícil, mas que se tornou extremamente complicado e até perigoso, com a chuva da noite e a neve que ficou caindo durante todo o dia.


O hospitaleiro de Puente la Reina, embora eu tivesse perguntado como estava o trecho que sabia difícil, nada me informou, (inacreditavelmente me disse desconhecer o Caminho!) e se não fosse a ajuda de uma jovem peregrina canadense, eu teria ficado congelando debaixo da neve que caía e me impedia de sair do atoleiro em que caí, ao escorregar na trilha.


Os peregrinos, especialmente os novos, poderão identificar aqueles trechos que apresentam um grau maior de dificuldade, no Caminho Francês, e se prevenir na sua futura peregrinação. Especialmente se caminham sós e em períodos de pouca afluência de peregrinos.

Trechos Difíceis

a) Subidas

b) Descidas Íngremes

c) Subidas e Descidas

d) Escassez de água

e) Sinalização deficiente

1. Pireneus

Se sai de uma altitude de 200 m em Saint Jean Pied-de Port até 1 440 m no Collado Bentartea.
Os primeiros 5 km são os mais íngremes, até a localidade de Untto. Depois, as subidas são constantes, mas são menos acentuadas.

O aspecto mais importante neste trecho é a previsão metereológica.

Tempestades com vento são perigosas nos Pireneus. Deve-se subir sempre bem informado a este respeito, já que as mudanças climáticas são muito rápidas neste trecho e um dia de sol pode se tornar, repentinamente, em um dia de temporal.

Nos Pireneus, se sai da França e se entra na Espanha, na região da Navarra, local histórico das batalhas de Carlos Magno e da guerra pela Reconquista espanhola.


1. Alto dos Pireneus – à altura do caminho que desce para Arneguy

2. Alto do Erro – 1 000 m.

O desnível não é tão grande, pois Linzoain, o último pueblo,  está a 760 m, mas há um trecho muito inclinado, piorado pelas pedras do piso, que formam finas laminas.

No último Ano Santo, este trecho foi aplanado e, embora a subida continue íngreme, especialmente depois de Espinal, as pedras foram cobertas com cascalho e não oferecem mais tanto perigo de acidentes como antes, em uma eventual queda.


2- Alto do Erro – Navarra


3. Iniciando a subida do monte do Perdão – Navarra

3. Monte do Perdão – 734 m.

Pamplona está a 400 m. Não é um trecho muito difícil, pois é uma subida constante e não abrupta, especialmente quando não está ventando muito.


A região é chamada de Caminho dos Ventos. Ventos que são aproveitados pelos modernos cataventos ali existentes para a produção de energia eólica, que fazem um barulho como o zumbir de centenas de insetos.


4. Puente La Reina – 345 m a Maneru – 495 m.

A diferença de altitude não é muita. Mas acontece em um único trecho, um desvio feito no Caminho, devido à construção da nova estrada, que é um aclive bem pronunciado, e que se torna um lamaçal pegajoso com a chuva.

A trilha é rodeada de arbustos espinhosos, que ferem a quem tenta se apoiar neles. Sem chuva, a dificuldade maior é um “degrau” pronunciado, de mais de um metro, difícil de ser transposto sem auxílio.

4. Após o trecho de subida difícil, a visão das montanhas


5. Meseta de Cirueña a 752 m.

Azofra, a vila anterior, está a 565 m, mas o aclive é bem pronunciado, por cerca de 9,3 km. Foi um desvio feito no Caminho original, hoje coberto por plantações e pela rodovia N – 120.

6. Alto de Mostelares – 890 m.

A diferença de altitude para Castrojeriz é de pouco mais de 100 m, mas a subida é bastante íngreme, embora compensada pela beleza da paisagem. O vale, com plantações de diversas nuances de verde ou amarelo, dependendo da estação do ano, com Castrojeriz e seu castelo, no alto de um pequeno monte, compensa a dureza da subida.


6. Alto de Mostelares

7. Montes de Leon – Foncebadón – Cruz de Ferro – 1 460 m.

Rabanal, o pueblo anterior, fica a 1 150 m. O aclive mais acentuado fica entre Foncebadón e a Cruz de Ferro, mas é uma breve subida. E a deslumbrante paisagem do Monte Irago compensa todo o esforço.

Neste trecho é comum que sejam encontrados caçadores de javalis.

7 – Montes de Leon


7. 2 A Cruz de Ferro, em uma manhã cheia de névoa

8. Cierro del Real – após Villafranca del Bierzo

7,2 km da rota “só para bons caminhantes” como informa um cartaz no início da trilha do Monte Real. A subida é muito pronunciada e longa. A paisagem do Bierzo compensa o cansaço. Absolutamente não aconselhável subir com tempo chuvoso.


8. Cierro del Real, Villafranca del Bierzo

9. O Cebreiro – La Faba – 1 300 m

É um trecho íngreme, mas não muito demorado. A subida até O Cebreiro é entremeada de trechos planos, o que dá tempo de recompor a musculatura que foi exigida. É temido, mas na realidade, ou talvez por se esperar uma subida muito difícil, se revela um trecho agradável e, sobretudo, muito, muito lindo.

E a chegada a um dos pontos emblemáticos do Caminho, com sua igreja do século XII, local de um milagre eucarístico, suas histórias, suas palhoças de origem celta, suas lojinhas, restaurantes e comidas galegas, é para não mais ser esquecida.



9. Subida de O Cebreiro

10. Alto do Poyo – 1337 m

alto del Poyo, ou alto do Poio, em galego, é só um pouco mais alto que O Cebreiro, mas é um trecho pequeno, que não exige muito do peregrino.

A parada no alto é obrigatória, não só para descansar da subida, como para tirar fotos ao lado do monumento ao peregrino, que aparece segurando o chapéu e curvado, pronto a enfrentar os ventos fortes e freqüentes neste lugar.


10. Subida ao Alto de Poyo


O Peregrino, no alto del Poyo

Clinete Lacativa

Arquivado em: Deuter, Trekking, Viagem Tags: Trekking, Viagem

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