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Caminho de Santiago – Os Pireneus – Parte 1

Saímos do Brasil para Madrid, onde fizemos uma conexão para Pamplona, a capital da Navarra. Pensamos em ficar um ou dois dias em Pamplona para acertar o fuso, mas quando vimos que o tempo de que dispunhamos era um tanto exíguo, e ao encontrarmos outros peregrinos no aeroporto para dividir o táxi até Saint Jean Pied-de-Port,  resolvemos ir logo para Saint Jean, a capital da Baixa Navarra.

Saint Jean Pied-de-Port
Foto de Saint Jean Pied-de-Port
Não deixamos as mochilas em Roncesvalles, como planejado, para não atrasar os que dividiam conosco o táxi. O Hector, taxista, levou-nos direto para a  sede da Associação dos Amigos do Caminho em Saint Jean e já carimbamos as credenciais. Nosso primeiro carimbo no Caminho!

Fomos logo comprar o cajado, consegui um de castanheira, muito lindo com os nós da árvore e uma linda florzinha tipo edelweiss entalhada. O André havia levado um daqui, enorme e pesado, que ele abandonou em Obanos, comprando um mais leve e quase tão comprido, em Puente la Reina.

Andamos por Saint Jean, fomos visitar a Cidadela, fortaleza de 1628, vimos a igreja de Notre Dame, o rio La Nive d´Arneguy, conversamos com d. Maria Camino, que fez tudo para que desistíssemos de começar a subida naquele mesmo dia. Mas eu encerrei a história falando que tínhamos chegado naquele dia e eu não iria ter condições de subir os Pirineus de uma só vez no dia seguinte.

A Cidadela
A Cidadela

O rio Nive
O rio Nive

Andando pela rua uma senhora francesa me abordou querendo saber de onde eu vinha e se ia atéSantiago. Deu-me conselhos e acabou chorando emocionada, falando da peregrinação. Uma cena que se repetiria ao longo dos mais de 800 km do Caminho Francês.

Infelizmente meu francês é de índio… mas entendi tudo o que ela falou, só não consegui muito dizer o que sentia… e isso aconteceu muitas vezes com os franceses, a maioria é monoglota e por isso talvez eles fiquem sempre agrupados.

Começamos a subir, André, meu marido, Reche, um peregrino de São Paulo e eu. Fomos pela rota de Napoleão, que sobe os Pirineus. Ela é também chamada de Saint Michel ou Chemin de Saint Jacques. A outra rota segue ao lado da estrada que vai para Valcarlos, em uma altitude menor e mais cheia de curvas.

No alto dos Pirineus
No alto dos Pirineus

A subida é pra valer. Só 5 km, mas de respeito. Depois de cada curva, sempre uma subida.Saímos 3 e meia, 4 horas da tarde, eu na frente, os dois paulistas batendo papo mais atrás, até que perto de uma castanheira muito grande, saindo de uma casa a esquerda do caminho, dois homens me perguntaram se eu estava sozinha. Não, meu marido está ali… consegui dizer em francês.

Os dois se entreolharam, não sei se eles estavam preocupados em eu estar andando sozinha e eu resolvi esperar os dois proseadores, por via das dúvidas.

Já estávamos bem cansadinhos e resolvemos parar antes de umas casas à esquerda, com umas ovelhas cor de laranja, pastando atrás… quando melhoramos o fôlego, e voltamos a caminhar, vimos que já estávamos em Untto. Umas 5 e meia da tarde.

Ficamos na parte tipo albergue, embora em camas comuns, do outro lado da estrada. Havia umas trinta pessoas na casa rural. (No albergue, ficamos só os três brasileiros). A maioria, franceses, quatro canadenses, e nós.

O jantar foi de restaurante francês: entrada de queijos, vinho do porto ou moscatel e sopa de legumes. Depois um vinho tinto da Navarra, salada de alface, endívias e mais uma folha que não identifiquei, com moela de pato cortada fininha, presunto defumado cortado bem pequeno e croutons.

O prato principal foi pato com molho de laranja e batatas soutés.

De sobremesa, queijos dos Pireneus, um flan como de leite  condensado, mas sem ser muito doce e desmanchando na boca, com um vinho frutado, também da Navarra.

O café da manhã teve um croissant, que quando lembro dele dá saudade. Feito na hora. A sra. Honorine, empregada, que se esforçava para não ser muito enjoada, mas eu a desarmei, sendo super simpática, absolutamente fora do meu usual e chamando logo de Honorine… funcionou –  preparou um lanche para a travessia com pão, queijo, presunto, alface, uma fruta… tudo nacional… Pagamos por tudo 25 euros.

No dia seguinte esperamos o Paulo, peregrino também de São Paulo, chegar e subimos, agora com a  companhia de uma canadense, uma moça simpática e bonita, que também  falava inglês. Pena que ela depois de umas horas andou mais depressa do que nós e não mais a vimos.

Logo ao sair da casa rural a gente sai da estrada e pega uma subida bem pesada. Depois volta de novo à estrada até a Virgem de Biakorre, depois ainda pela estrada, à direita. Paramos por aí para um lanche de frente para as montanhas, um dia lindo, com sol brilhando, lanchamos num cenário das cenas iniciais da Noviça Rebelde… e  tendo ainda um monte de ovelhas pastando, pintadas ou marcadas de  cores diversas, para saber quem é o dono, talvez…

Virgem de Biakorre
Virgem de Biakorre

Após o piquenique
Após o piquenique…

Os Pirineus
Os Pirineus

Clinete Lacativa
Arquivado em: Deuter, Trekking, Viagem Tags: Trekking, Viagem

1 Comentário em "Caminho de Santiago – Os Pireneus – Parte 1"

  1. Monica Melo disse:

    Olá! Muito bacana seu post. Será que poderia esclarecer uma dúvida de uma futura peregrina? Quanto tempo (dias, horas) se leva para cruzar os Pirineus? Tem albergues e sinalização ao longo desta parte do trajeto? Sou uma completa analfabeta em termos da geografia da França,mas pelo que entendi, eles ficam logo no início da caminhada, já no primeiro dia? Se puder me responder, grata pela atenção.

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