Um mar de nomes que confundem os iniciantes,e ainda tem fleece, segunda pele e outros mais. Isso sem contar que alguns ainda são chamados por nomes diferentes desses, como acontece com a segunda pele que vira “underwear” para alguns, ou o fleece que alguns chamam por nomes de materiais ou modelos, como Polartec ou Thermotex… Eu recebi um email lá no Trekking Brasil com dúvidas sobre casacos e resolvi escrever sobre o tema…
Isso tudo vira uma sopa de letrinhas gringas na cabeça de quem está começando a levar as trilhas e trips mais a sério e precisa de um material melhor ou mais técnico. Hoje eu vou falar dos casacos, especificamente de três tipos deles, os mais comuns para uso aqui no país. Não vou citar jaquetas de penas ou mesmo o fleece, vou me concentrar em explicar alguns detalhes e indicações pra anorak, softshell e corta-vento – não indicações de marcas, mas de uso.
Corta Vento ou Windshell
Dos três tipos de casacos que veremos aqui hoje esse é o mais básico. A função dele, como o nome já diz, é proteger o usuário do vento. Isso evita uma queda na temperatura corporal já que o vento não age sobre a pele. Alguns modelos mais tops são respiráveis. No geral são leves (cerca de 100-150gr) e bem finos.
Eles são uma boa opção para ciclistas, corredores e outros esportistas. Oferecendo proteção contra o vento com pouco peso e volume. Não são os mais indicados para montanha, a menos que o uso seja em trekkings rápidos com um caráter mais esportivo, algo como “corridas de montanha”. Não devem ser usados em locais de vegetação fechada sob o risco de enroscarem em algum lugar e rasgarem com facilidade.
Softshell
Esses são casacos intermediários entre os corta vento e os anokaks, oferecem aquecimento e impermeabilidade – até certo ponto (não são 100% impermeáveis) – e estão aparecendo aos poucos no mercado nacional. De um tempo pra cá as marcas internacionais que atuam no país, e algumas nacionais também, começaram a colocar em suas coleções a opção do softshell.
São casacos que aquecem e protegem do vento e chuva com mais conforto e mais respirabilidade do que muitos anoraks, mas que também não subistituem os anoraks em situações de montanha um pouco mais extremas. São mais recomendados para trekkings e montanhismo em locais frios do que pra alta montanha em si, onde o ambiente mais agressivo pede um hardshell ou até algo a mais. Além do uso nessas condições, o softshell também se mostra uma ótima opção para quem vai viajar e deseja um casaco técnico menos “esquisito” que um anorak convencional. Outro ambiente onde ele se sai bem é no ski ou snowboard.
Um diferencial deste tipo de casaco é que ele tem uma certa flexibilidade no tecido, coisa que os anoraks não possuem, e isso agrada bastante quem precisa de alguma proteção e de liberdade nos movimentos ao mesmo tempo – e aí entra um leque bom de usuários e esportes. Identificar um softshell na loja é simples, eles tem um tecido que lembra o neoprene, parece meio “emborrachado”.
A desvantagem é que em geral eles são mais volumosos na mochila do que muitos anoraks mais técnicos que conseguem ter um tamanho bem reduzido. Alguns modelos apresentam capuz, outros não. No caso dos anoraks a maioria esmagadora tem capuz. Muitos modelos de softshell são menores que alguns anoraks nacionais ainda assim – principalmente se levarmos em conta os anoraks com fleece acoplado.
Eu usaria um softshell no dia a dia e em viagens urbanas – mochilões longos ou mesmo em viagens mais curtas – e até em montanhas aqui no Brasil, principalmente com condições boas de tempo – já que ele me garante algum aquecimento e alguma impermeabilidade com mais conforto que o anorak tradicional.
Agora uma coisa importante: se você estiver na dúvida entre comprar um anorak e um softshell, opte pelo anorak. Em geral ele atende melhor a grande maioria das pessoas. O softshell, como você notou acima, preenche uma lacuna para algumas situações de uso mas não lhe atenderá bem em todos os casos…
Anoraks ou Hardshells
Anoraks, que fora do Brasil também são conhecidos como “hardshells”, são peças bem comuns e familiares para maioria dos aventureiros daqui. Em alguns casos eles são vendidos em conjunto com fleeces – ou mais recentemente com softshells ao invés dos fleeces – nestes casos onde eles são comprados em conjunto algumas empresas dão a eles o nome de “jaquetas 3 em 1”, ou algo similar. Em outros casos alguns são vendidos em separado, ou seja, somente o anorak.
Esses casacos são a camada externa mais comum nas montanhas do Brasil e em vários outros lugares, em diversas situações. São impermeáveis (com diferenças na coluna d’água que suportam), em geral possuem capuz, podem ou não ser respiráveis, quando separados do fleece costumam ser bem compactos e devem estar na sua mochila sempre que você sair pra qualquer canto, mesmo que esteja um sol de rachar lá fora (o anorak é um dos itens básicos na mochila de quem anda por aí).
Em quais situações um anorak se faz presente? Em praticamente todas, menos:
– Alta montanha (acima de certa altitude as jaquetas/macacões de duvet reinam, mas abaixo dessas altitudes os anoraks aparecem também…);
– Corridas e outros esportes aeróbicos com volume de suor alto (isso serve mesmo em caso de anoraks respiráveis, devido a alta umidade e calor).
De resto ele vai lhe acompanhar em trilhas, acampamentos (na montanha e até na praia), viagens, barcos e outras tantas possibilidades.
A opção de compra-lo junto ou separado de fleeces ou softshells deve se basear nas necessidades de cada um bem como na questão de custo. Se você precisa das duas peças e elas são mais baratas em conjunto compre assim, caso contrário, compre separado.
Os principais pontos a se observar no momento da compra são:
– baixo peso e volume (já que em algumas situações ele fica na sua mochila direto)
– coluna d’água – quanto mais alto o valor melhor
– respirabilidade – os mais técnicos e também mais caros possuem essa característica e em muitos casos tem um tecido mais técnico, fino e consequentemente frágil, não é uma boa opção para usar em locais de vegetação mais fechada. Mas se mostra muito bom em locais frios ou em alta montanha (até uns 6000-6500 metros)
– ajuste na cintura, capuz e punhos – o ajuste da cintura é muito bom em locais mais frios
– capuz removível ou fixo – uma questão de gosto pessoal
– boa quantidade de bolsos (inclusive bolsos para as mãos na frente do anorak são muito bem vindos em alguns casos de frio maior)
– Ao comprar escolha um modelo que vá abaixo da sua linha de cintura e evite deixar o casaco muito certo nas medidas, por que você vai se sentar, levantar os braços e fazer outros movimentos vestindo ele e em muitos casos o tamanho certo demais faz com que o casaco suba em alguns movimentos e exponha o pulso ou a linha de cintura do usuário.
Bem, é isso. Esse foi um artigo básico pra ajudar quem precisa de algum dos tipos de casaco citados aqui e tem dúvidas no assunto.
Até a próxima, bons ventos!
Muito boa a matéria. Parabéns!
Obrigado Judy!
este gráfico ajuda a entender a graduação de proteção
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=352437391534285&set=a.191977390913620.37445.191893174255375&type=3&theater
olá, muito bom o site. uma dúvida, irei para uma “mochilinha” curta de 8 dias em dezembro para o peru (cuzco e machu picchu), qual dos 3 tipos acima é recomendável?
vlw!!
Em dezembro é verão por lá André, um anorak e um fleece leve ou um bom softshell vão dar conta do recado sem maiores problemas acredito!
Abraços. Mario
Gostei muito das orientações , tenho um anorak 3 em 1 e realmente e um curinga.
:O eu ia morrer chamando Corta Vento = anorak. que horror. Se for “jaqueta” de de GORE-TEX® Paclite® chamos de corta vento?? se tiver forro não removível é softshell? Se for de GORE-TEX® Pro Shell é anorak?
Muito boa a sua explicação, apesar de morar em Santa Catarina (neve e temperaturas negativas) não sei nada sobro estes tipos de abrigos, meu negócio é carro 4×4, no ano que vem dezembro, vamos para o Atacama e Machu Picchu. No Peru vamos deixar os carros e iremos fazer uma caminhada de dois dias até o cume de uma montanha a 5.000 metros de altitude, vamos dormir em barracas e por isso gostaria da sua ajuda para me indicar a roupa certa. pelo que andei lendo a temperatura durante o dia é de 8º e a noite a -5º .
Obrigado e um grande abraço.
Olá Anderson: leve um anorak, dois fleeces (um de reserva), segunda pele, luvas, gorro, botas impermeáveis/respiráveis, meias sintéticas (tem meias próprias, evite as de algodão). Leve mais de uma calça. Tudo sintético, nada de algodão. Óculos escuros (bons) e protetor solar.
Qual seria a montanha? Pode ser que uma calça de fleece caia bem na mochila.
Abs
Mario
Gosto muito de padelar, porém atualmente em minha cidade estamos em clima de chuva, qual o melhor casaco para um pedal na chuva ?
Boa tarde amigo,gostaria de uma dica sua,ando muito de moto e queria saber se um anorak desse seria ideal p proteção contra o sol ??obrigado
excelente materia, pra mim era td igual.
mim ajudou bastante.
Nakonn – em geral eles vão esquentar bem sob o sol forte, não ando de moto então não posso dizer que será ou não a melhor escolha, mas já vi alguns motociclistas usando anoraks em dias de chuva.
Olá muito boa a matéria, mas não entendi o que exatamente é um fleece. Também gostaria de sua ajuda, dezembro agora vou para Atacama, Machu Picchu e Salar de Uyuni. Comprei um corta vento e uma segunda pele. Acredita que um anorak ou um Softshell Seja realmente necessário? Obrigada
MUITO OBRIGADO. ESTOU PARA FAZER A KTR E NUNCA TINHA OUVIDO SE QUER FALAR NESSES TERMOS.
FOI DE GRANDE VÁLIA.
ATÉ
[…] Todo mundo já sabe que deve levar o básico, não precisamos citar aqui que não é pra levar salto alto, vestido de festa, três casacos diferentes com a mesma finalidade, etc… Então separe uma quantidade de roupa adequada ao tempo da sua viagem: três, cinco, quatorze dias, sendo que uma mochila com roupa para quatorze dias é a mesma que para um ano. Vai para lugares com frio extremo? Pense em roupas especializadas para manter a temperatura do corpo como segunda pele, corta vento, entre outras (mais aqui). […]