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Aconcagua, Polacos Direta – parte 1

Salve Galera.

Agora, retomando a vida, parei para escrever e passar para vocês, leitores do Adventure Zone, um pouco de como foi nossa expedição na Rota direta do Glaciar dos Polacos.

Aterrissei em Mendoza dia 25 de Dezembro de 2010. Chegando ao albergue, ainda tinha algumas pessoas trocando presentes, mas eu fui dormir.

Esperava ansiosamente pelo Junior que estaria chegando no dia seguinte, após passar pelo Chile atrás de equipamentos.
Junior me surpreendeu, ao chegar ao albergue com dois amigos que ele tinha conhecido anos antes, quando fez cume pela rota normal. Eram Seba e Caro, um casal mendozino muito gente boa.

Dormimos essa noite no albergue, mas no dia seguinte, fomos convidados a ficar na casa deles e iniciar a correria para organizar nossa partida.

Caro e Seba
Caro e Seba num assado argentino que preparam pra gente.

De cara, tivemos problemas com o cartão de credito do Junior, que não o permitia sacar dinheiro e conseqüentemente não podíamos pagar o permisso dele.

juniro cartão de crédito skype
Junior irritado com seu cartão e tentando resolver via Skype.

Perdemos um bom tempo para resolver essa historia do cartão e com isso perdemos mais um dia na cidade.

Outro motivo para atrasar nossa saída foi o desenrolar das mulas. Desde o inicio estávamos planejando subir com uma mula, mas quando ficamos sabendo que o Permisso tinha aumentado e a grana ficou restrita, tentámos arrumar meia mula, mas isso não foi possível.

Por favor, galera e antes que a sociedade protetoras dos animais corram atrás de mim, quando eu falo meia mula eu não estou querendo cortar a mula ao meio e sim dividir o pesa que ela pode carregar com algum outro grupo.

Contratamos então uma mula da Aconcagua Trek e, pela proximidade, aproveitamos para passar na loja Orvis, onde é possivel encontrar equipamentos mais em conta que nas outras lojas.

mendoça argentina
Gastando energia pelas ruas de Mendoza. Observem o nome da rua.

despedida seba
Despedindo de Seba.

Bom … com mula, permisso “y todo lo demas” partimos para Los Puquios, onde fica a base da empresa Aconcagua Terk e onde passamos nossa primeira noite na barraca e em baixo de uma chuva forte.

barraca ferrino tent
A primeira vez da barraca

Na manha seguinte, acordamos na função de separar e organizar os volumes que iriam nas mulas. Feito isso, o responsável pelas mulas veio nos buscar para levar até à entrada de Punta de Vacas, que fica a uns poucos quilômetros de Los Puquios.

Chegando a Punta Vacas, demos entrada no parque e nossa escalada tinha começado.

Los Puquios
Dupla em Los Puquios

O primeiro dia de caminhada foi bem tranqüilo, nesse trecho fomos até Pampa Leñas, as mulas demoraram a sair e, conseqüentemente, demoraram a chegar ao destino. Foi um dia chuvoso e não víamos a hora de montar a barraca.

Em Pampa Leñas, pude observar como comercial anda o montanhismo no Aconcagua. Eram aproximadamente 50 montanhistas, turistas, sei lá como podemos chamar essas pessoas, e quase 100 mulas…. sendo que uma mula leva, tranquilamente, carga de duas pessoas. E eu me perguntava: “O que esse povo ta levando para a montanha??? Secador de cabelo???”

Bem, ai passamos nossa noite. 

Segundo dia de caminhada. Acordamos cedo para preparar a mula. Com o desjejum feito e a mochila pronta, partimos.

Quando usamos mulas em uma expedição, elas carregam a carga “pesada” e nós devemos levar conosco nossa roupa de frio, comida, lanterna, equipamento fotográfico e tudo que for ser usado durante a caminhada, já que as mulas vão em velocidade diferente da nossa.
Também é importante saber respeitar o limite do animal. Um animal de grande porte pode carregar ate 60kg. Extrapolando isso, você deve carregar ou contratar outro animal.

O segundo dia é um caminho bem bonito, quase plano. Caminha-se entre montanhas, no fundo de um vale lindo, sempre acompanhados por um rio.

Caminhada Aconcagua

Nosso destino era Casa de Piedras e nesse dia as mulas chegaram antes.

Começamos a interagir com as outras pessoas. A maioria estava com expedição comercial; utilizavam mesas, cadeiras, conjunto de talheres e pratos e, surpresos, ficavam olhando para a gente com cara de espanto, por nossa estrutura minimalista e econômica.

Acredito que entre aquelas pessoas, além da gente só tinha mais uma dupla sem um guia contratado ou excursão montada.

expedições comerciais no Aconcagua
Super estrutura das expedições comerciais, que os acompanhavam por todo o percurso.

aconcagua acampamento
Nossa super mega estrutura: uma caixa plástica e dois pedaços de papelão.

Terceiro dia e às 7 da manhã, nossa primeira missão era atravessar um rio de degêlo, a água era congelante e o sol ainda não batia no vale. Parecia ter agulhas sendo enfiadas em nossos pés. Depois de passar pelo sofrimento, era engraçado ver o resto das pessoas sofrendo também. rs.

rio montanha
Ai ui ai…… pra terminar de ferrar o fundo era pedregoso.

Nesse dia, encaramos uma subida considerável, que foi compensada pela primeira vista do “monstro”, era ele…. O Aconcagua e seu Glaciar Branco que se estendia por grande parte da montanha.

deuter aconcagua
Invasão de Deuters no Aconcagua.

aconcagua glaciar polacos
O belo Glaciar do Polacos.

Eu nunca tinha sido atraído pelo Aconcagua antes. Meu objetivo nunca foi fazer os 7 cumes, muito menos os cumes mais altos. Eu sempre quis escalar as montanhas mais bonitas, ou que me apresentavam algum desafio e até então, eu só tinha escutado historias absurdas da Face Sul, que seria impraticável dentro do meu nível técnico e da rota normal: uma caminhada fácil e que não apresentava muitos desafios, mas quando vi a foto do Glaciar do Polacos “o bichinho mordeu”.
O Glaciar dos Polacos apresentava todas as características que eu buscava em uma montanha.

aconcagua
O vista geral do “Monstro”.

Seguimos caminhando. Junior decidiu caminhar em seu ritmo e eu disparei na frente. Ele decidiu fazer isso, pois no dia anterior sentiu-se cansado em tentar me acompanhar e essa foi uma boa escolha. Sentir-se estafado na altura não é uma boa idéia, já que você acaba tendo uma maior dificuldade para se recuperar. Após essa subida mais puxada, chega-se a um outro vale onde passamos por vários morrotes.

Plaza Argentina era nosso destino; um acampamento base estruturado com Guardas Parque, estrutura medica e de apoio. Lá cheguei e tratei de buscar um lugar para montar a barraca.

Quando Junior chegou já estava tudo montando. Era um dia sem vento e foi possível adiantar montando a barraca. Em um dia com vento é impossível uma pessoa fazer isso sozinha; corre o risco de perder a barra, isso se não sair voando com ela. rs.

Era dia de ano novo…. existiam algumas manifestações de festa, eu não tava muito preocupado com isso, o Junior chegou a comentar: “É … hoje é ano novo, o segundo que eu passo com você numa barraca..”. Eu: “É….”

Antes das 11horas estávamos dormindo. Acho que o Junior fica meio assuntado com essa minha falta de emoção com as datas festivas. Mas, pra mim, não passam de datas e dias!! Porque vou comemorar a vida em apenas um dia??? Todo dia é dia de comemorar a vida!!
Mas acho que ele já esperava isso, no Tronador não foi diferente.
Da uma olhada nesse videozinho:

barraca aconcagua
Passando o tempo com literatura de montanha na montanha.
Horizontes verticales em la Patagônia.

O quarto dia foi um dia de descansar e deixar o corpo sentir a altura. Plaza Argentina já está a 4100 e o corpo passa a sentir mais forte os efeitos da altura. Saber respeitar esse processo de aclimatação é uma tarefa bem complicada; você esta ansioso para subir, às vezes quer aproveitar uma janela de clima bom, mas não tem jeito, tem que parar e deixar o corpo se entender com as mudanças causadas pelo ar rarefeito.
Um dia para tomar muita água, fazer muito xixi e jogar conversa fora.

campo base aconcagua
Campo Base

slack line
Gastando no Slack Line. Surf mannnn… surf….. 🙂

Dia 5…

Dia 5 você vai ler no próximo post.. 🙂

Arquivado em: Escalada, Montanhismo Tags: aconcágua, alta montanha, arthur estevez, Escalada, paulo junior, polacos direta

2 Comentários em "Aconcagua, Polacos Direta – parte 1"

  1. cristianno disse:

    parabens galera…estou ansioso pela visita à Lavras…aproveitaremos pra andar um pouco de slack tb….

  2. Parabéns Arthur,

    mais uma aventura (autêntica e emocionante)!!!

    abraços…

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